RECOMEÇAR

Nesta altura do ano é bastante comum surgir uma franca necessidade de oscultarmos o nosso interior, fazendo uma resumida introspeção dos últimos 12 meses acerca das nossas necessidades, expectativas em torno do novo ano.

Não só justificamos esta acção perante a importância que atribuímos ao processo de recomeçar, como também na necessidade de concluirmos tarefas, projectos, revendo as nossas prioridades para que alcancemos aqueles sonhos que ficaram suspensos, até porque essas tarefas que ficaram inacabadas devem ser retomadas para que sejam concluídas senão fixam-nos no passado.

Nos primeiros dias do ano, refectimos, enchemo-nos de vontades, expectativas e lançamo-nos em tudo aquilo que desejamos alcançar, projectando motivação, optimismo, não descurando de uma boa dose de resiliência, prevenindo-nos para qualquer adversidade que possa surgir.

Do ponto de vista da Saúde Mental

Acredita-se ser benéfico que cada um faça esta reflexão, até porque é necessário para o nosso equilíbrio emocional uma boa gestão das expectativas e das nossas possibilidades, identificando as nossas limitações, o nosso auto-boicote, bem como dos nossos níveis de optimismo, perspectiva dinamizadora e evolutiva.

Particularmente é importante recomeçar um novo ano reflectindo, tomando consciência de certas crenças e inibições que caberá a cada um de nós avaliar, na forma como isso se manifesta no seu dia-a-dia na projecção do seu futuro.

É necessário alimentar a nossa capacidade de análise interior, sermos mais gentis connosco e abraçarmos com maior ousadia a criatividade em tempos de verdadeira mudança, que por vezes mexe com a estrutura das nossas convicções.

Neste sentido recomeçamos porque acima de tudo nos enchemos de expectativas perante a abundância de sonhos e objectivos que ficaram na gaveta, e que aguardam a tal oportunidade, sendo que os mesmos devem ser bem geridos e priorizados face a uma oportuna execução.

De qualquer modo e ainda que sejam conscientes ou meros esboços que a nossa mente arquitectou em sonhos ou desejos, são difíceis de ignorar à medida que o tempo avança.

As emoções, essas vão-se revelando, canalizando sentimentos que tomam expressão, consolidando acções concretas e exequíveis.

Para muitos de nós este início de ano é sentido como um período em que é necessário abrandar ou até mesmo parar para reflectir, fazendo aquele balanço que nos posiciona e delimita um marco, um ponto de partida para a realização de novos compromissos há tanto ambicionados.

Tempo para recomeçar não se toma por isso uma mera ocasião na qual se definem resoluções mas sobretudo uma introspecção acerca daquilo que somos, conquistámos e construímos avaliando tudo aquilo que nos poderá acrescentar e que nos faça sentir bem nos próximos tempos.