INFERTILIDADE MASCULINA

INFERTILIDADE MASCULINA PAI E FILHAEmbora se fale muito mais de infertilidade feminina, atribuindo o foco à mulher como centro de concepção, existe actualmente 1 em 3 homens que sofre de infertilidade.

A infertilidade masculina aumentou dramaticamente neste último meio século, a tal ponto que alguns estudos indicam que a qualidade do esperma caiu para metade, havendo um decréscimo significativo que chega a rondar 40% proveniente da baixa quantidade, e qualidade dos espermatozoides.

Estima-se que a perda progressiva da queda da fecundidade de 1% ao ano tem levado um maior número de homens a procurar ajuda médica.

As causas de infertilidade masculina podem ser muito variadas: diminuição da contagem de esperma com qualidade comprometida, morfologia e algumas infecções.

A amostra do esperma (espermograma) tem uma capacidade de vivência até 72h e a qualidade dos espermatozoides não se encontra directamente relacionada com a variação da ejaculação, uma vez que se por um lado existirem várias ejaculações ao longo do dia, ainda que a quantidade diminua, tal não está relacionado com a qualidade ou não dos espermatozoides.

O casal quando se depara com o problema de infertilidade diagnosticada, começa gradualmente a concentrar-se na função reprodutiva e esquecem-se de uma vida sexual gratificante, afectando a sua intimidade na sua regularidade de relações sexuais programadas, dilatada num período de tempo que nem sempre se compadecem com a presença da libido e escolha na sexualidade de cada casal, pelo que cada casal terá de adaptar a sua própria frequência e adequar ao seu ritmo de vida, estimando-se uma média de 2x por semana.

Nos últimos tempos, entendeu a importância da acção dos poluentes ambientais, o stress, o uso e abuso de drogas, álcool e doenças sexualmente transmissíveis, sendo que existem cada vez mais especialistas voltados para este problema.

O papel da infertilidade na vida do casal tem sido um problema que afecta homens e mulheres, embora a forma de exteriorizar seja diferente.

Um exemplo que parece explicar esta diferença ressalta a procura cada vez mais de fóruns na internet que oferecem um espaço, embora virtual, na partilha de vivências e trocas de informações promovendo o suporte emocional, onde na maioria são as mulheres que destacam maior participação, comparativamente aos homens que procuram muito menos interajuda psicológica ou apoio emocional, face a esta realidade.

Este tipo de comportamento entende-se bem uma vez que o homem socialmente é visto como sendo o pilar no apoio emocional, entre os pares no casal, no entanto quando individualmente se apresentam em consultório, tendem muitas vezes a tentar justificar o seu nível de ansiedade e frustração, colapsando emocionalmente, quando expõe a sua apreensão, dúvidas e inseguranças face ao problema da infertilidade.

Existe um primeiro momento bastante abalador, comprometedor da expectativa evidenciando sentimentos de culpa, raiva e frustração onde se repensa a paternidade.

No momento em se emite um parecer clínico de infertilidade, o qual se revela estar mais associado a um dos pares, em que neste caso específico a capacidade de fertilidade esteja mais comprometida pelo lado masculino, essa mesma situação será entendida como um choque psicológico para o casal afectado, neste sentido o trabalho do psicólogo é determinante na ajuda e suporte terapêutico, ajudando o casal e aconselhando a fechar o luto pela criança que não é capaz de gerar de forma natural, para que numa próxima etapa consiga conscientemente tomar a decisão de prosseguir com um outro tratamento de reprodução assistida, proposto pelo médico especialista.
Este é um especial momento de decepção, em que o homem repensa a paternidade, a relação que terá com a criança e possivelmente o seu futuro papel na gravidez.

Paralelamente e de uma forma generalizada, o sofrimento a que a mulher está exposta face à dificuldade em conceber, muitas das vezes é mais intensificada, e mais elevada em relação ao homem, não só porque sente uma maior expressividade de emoções como também se encontra numa fase em que é bastante manipulada hormonalmente.

O estigma social, especialmente em determinadas culturas e países onde a infertilidade masculina assume um especial destaque e também desconforto agudo por parte dos homens afectados, em que a infertilidade masculina parece ser mais estigmatizada, na medida em que a principal razão é a de que muitas vezes as pessoas têm a falsa crença de que a incapacidade de conceber (infertilidade) e disfunção sexual são sinônimos.

Do mesmo modo que homens inférteis sofrem mais de ansiedade e depressão, comparativamente com os que não possuem essa dificuldade, assim como a redução da qualidade do esperma afecta a sua percepção face à masculinidade.

Tanto quando a doação de esperma ou óvulo é necessária, muitas vezes esta situação origina por si só, uma maior negação devido ao desconforto que ambos sentem, sendo que muitas vezes condiciona de forma negativa a auto-estima do casal que não pode trazer os seus genes de forma natural para a concepção de uma tão desejada e esperada gravidez.

Por último, e recentemente estudos realizados na Europa têm mostrado que apenas 23% dos homens têm uma melhor qualidade espermática para fertilizar o óvulo.

O valor de referência a este respeito de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 20 milhões de espermatozóides por mililitro de esperma.

Além disso, tomam-se em consideração outros factores: mais de 25% do esperma tem que ter uma boa mobilidade e 4% terá de apresentar boa morfologia.