C.LISBOA

Para dar o meu testemunho tenho que recuar uns anos.

E voltar ao presente. E andar por cá e por lá. Está tudo ligado.

Depois de muitos anos a tentar engravidar, em exames, inseminações, fertilizações e frustrações atingi o meu limite físico e psicológico.

Sabia que precisava de ajuda e em consulta com o Dr. Luís Vicente, médico que me acompanhou em todo este processo, surgiu a Psicofértil.

Embora céptica fiz o telefonema. Quando ouvi a voz e a imediata disponibilidade da Psicóloga Ana Magina soube logo que ia correr bem.

Não o fim, esse desconhecia, mas o percurso.

Foram várias sessões que me surpreenderam pelo foco e intencionalidade em falar sobre o que ali me tinha levado: a incapacidade em engravidar.

Lembro-me especificamente de uma sessão em que comecei a sentir o desbloqueio.

Tantos anos de frustração levam-nos a bloquear, não deixamos entrar nada, estamos fechadas em nós numa espiral de derrota.

Não sei se foi uma palavra, uma sensação, foi com certeza o trabalho feito em cada sessão que levou àquele momento de viragem.

Comecei a conseguir olhar para dentro de mim, não apenas para o meu útero, mas para quem o carregava.

Eu. Eu mulher, eu pessoa, eu vontade, eu tristeza, eu completa.

Tenho, nesta terrível situação que todos estamos a viver, recuado a estas sessões.

Consigo sentir o que aprendi quando me vejo confinada em casa, sem trabalhar, sem abraçar amigos, familiares, nesta privação externa e extrema de afecto.

Consigo visualizar o que depende de mim e o que é incontrolável.

E isso foi uma aprendizagem de um valor inestimável que fiz durante as sessões com a Psicóloga Ana Magina e que vou carregar para a vida.

Posso agir ou apenas estar presente, sem o peso insuportável de querer controlar tudo.

Aceitar ajuda quando estamos a tentar engravidar, não é apenas fazer tratamentos, inseminações e FIVs, é aceitarmos que não somos só corpo e que temos uma mente que está igualmente frágil e a precisar de ajuda.

Somos muito mais do que um útero.

Para dar o meu testemunho tive que recuar uns anos.

E voltar ao presente.

E andar por cá e por lá.

Agora com duas filhas, com outras felicidades, com outros problemas, que a vida não pára.

Mas com a certeza que a ajuda que pedi na altura se continua a reflectir agora.

Obrigada, Ana. A minha “psicofertilidade” continua.

Clara Lisboa


C. LISBOA

PsicoFértil
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2020-04-28T12:29:21+00:00

C. LISBOA

"Depois de muitos anos a tentar engravidar, em exames, inseminações, fertilizações e frustrações atingi o meu limite físico e psicológico,...,comecei a conseguir olhar para dentro de mim, não apenas para o meu útero, mas para quem o carregava..."