PARENTALIDADE TARDIA
Actualmente a maioria das pessoas projectam expectativas de vida onde incluem um projecto de vida familiar, desejando terem filhos, embora se constate cada vez mais que esse objectivo é adiado.
Vive-se numa sociedade exigente, competitiva e de rápido consumo, na qual nem sempre é fácil assumir o compromisso com a parentalidade.
O medo, a angústia e a culpa, por vezes tendem a falar mais alto e a apoderarem-se da vontade e do desejo de muitos casais serem pais, deixando-os confusos e com atitudes contraditórias que boicotam as reais escolhas e motivações.
Num casal para que ambos se sintam bem na sua relação é fundamental que cada um se sinta realizado, seja na sua aceitação, respeito e amor.
Muito antes de qualquer compromisso que possam estabelecer na relação, terão necessidade de se sentirem aceites e apreciados, encontrando a atenção mútua e afecto de que tanto necessitam na sua estabilidade.
Pouco a pouco, estabelecem-se vínculos emocionais, familiares e começa-se a planear a chegada de um terceiro elemento, a redefinição do espaço a dois começa a ser idealizada na chegada de um filho.
Porém nem todos os casais conseguem o objectivo de serem pais de forma espontânea, necessitando de ajuda medica especializada, onde o papel do psicólogo é de facto muito importante na redução do impacto que a Infertilidade tem no momento de crise vivenciada pelo casal.
As prioridades são redefinidas e as expectativas mudam, os papéis assumem uma responsabilidade acrescida e ao mesmo tempo desconhecida, as tarefas ampliam-se, o tempo diminui e o cansaço acumula-se.
Hoje em dia a mulher tem o seu primeiro filho muito mais tarde, comparado com a década de 70, uma vez que procura maior estabilidade pessoal, financeira e a concretização de objectivos para sua valorização profissional.
A Reprodução Medicamente Assistida é uma das opções que muitos dos casais têm à disposição quando decidem tentar terem filhos, após 1 ano de tentativas, sem sucesso.
A primeira coisa a ter em conta quando este problema se coloca é procurar ajuda, aceitar o problema como pertencente ao casal e não individualmente.
Aliado a este fenómeno a idade influencia a fertilidade na medida em que quanto mais a mulher adiar a maternidade maior é a probabilidade de aumentar o gasto da reserva de óvulos ou por outro lado existir alterações face à qualidade ovárica (alterações cromossómicas e do carótipo dos embriões).
A diminuição da taxa de gravidez não é tão justificada porque o útero envelhece, mas sim porque os ovários tendem a envelhecer e o endométrio (tecido que reveste a parede do útero) reduz significativamente a sua receptividade em termos de implantação ao longo do tempo.
É importante mencionar que cada vez mais existe uma janela de oportunidade para a fertilidade, em que a partir dos 35 anos começa a decrescer, a partir dos 40 caí a pique e para que os casais possam fazer escolhas conscientes e informadas devem rever a sua barreira onde adiam a gravidez.
Apesar das mudanças na transição para a parentalidade se apresentarem de formas semelhantes para ambos, são recebidas de formas diferentes, para o pai e para a mãe.
As diferenças apontam para o aumento de stress e a diminuição de bem-estar que o casal vive após 8 meses do nascimento do bebé, sendo mais elevada a percepção de stress materno.
Um pai feliz na sua relação conjugal poderá envolver-se mais com o bebé por se sentir mais seguro e confiante na relação que estabelece com o seu filho.
Consegue-se também perceber que a adaptação paterna à parentalidade é de facto mais positiva do que a materna, pelos pais apresentarem mais sentimentos de felicidade e poucos de tristeza, no momento pós-parto.
A transição para a paternidade assume-se como uma fase bastante feliz, mas ao mesmo tempo um momento que implica um ajuste emocional, social e individual, face ao acréscimo da família.
De qualquer modo, este tempo de aprendizagem e crescimento parental é único e todos os dias são explorados acontecimentos que são vividos como únicos, onde o cansaço é vencido pela entrega do amor e momentos de felicidade.