Algures em 2013… 2014….não posso, ou não importa precisar exactamente em que dia, alguém me recomendou ir conversar com a Dra. Ana.

 

Não foi a primeira vez que o fizeram, mas daquela vez foi diferente.

 

 Um ultimato.

Não um ultimato na verdadeira acepção da palavra, mas uma insistência condicionada, um dever meu, que não podia delegar a mais ninguém.

 

Enfim, senti que precisava mais de deixar de ouvir a recomendação, do que efectivamente conversar e ….séptica (demasiado) marquei a conversa.

(Na verdade a minha força estava nos mínimos)

Antes de desenvolver, permitam-me nesta fase da minha partilha, antecipar um OBRIGADA.

 

A quem insistiu, a quem recomendou e, em especial, à Dra. Ana.

Desenvolvendo… lá cheguei… séptica (não sei se já disse) e absolutamente convicta que assim cumpria a tal recomendação (a que na altura chamei condição) na esperança que logo logo me deixavam em paz.

 

Tinha…no fundo da alma (absolutamente perdida) uma pequenina esperança de ser surpreendida.

 

Mais de 5 anos de vontade… aquela vontade ilimitada que até perdoa o amor e o sexo ter dia e hora marcada.

(Ahhhhh casais guerreiros, os que aguentam isto) !!!

 

Estimulações, inseminações, fertilizações e muitos palavrões.

Cinco bebés que senti, mas não conheci.

Cinco visitas ao bloco.

Bem mais de 5 amigas que foram mães e mais de 5 sobrinhas!

Hormonas que tudo aprendi sobre elas.

Deixei-as entrar no meu corpo sem restrições e “elas”, sem misericórdia,  deixaram-me o que tinham que deixar.

Sabia lá a tal “Ana” o que estava eu a sentir?

 

Porque raio tinha eu que partilhar a minha dor, única, com alguém que não conhecia, nem a mim, nem dor igual?

 

Para quê reviver os meus desgostos, a minha frustração, a minha culpa e a culpa de todos os que culpei.

 

Explicar o que não tinha explicação!

 

Na primeira vez, saí daquela sala, que ainda hoje consigo descrever cada pormenor e recanto, com a mesma sensação de quem bebe a primeira coca-cola…

 

Entre o estranho e uma vontade estupida e inexplicável de voltar no dia seguinte.

 

Sai daquela sala várias vezes, durante todo o tempo em que abusei dela, com a serenidade que precisava.

Precisava tanto.

Sabem, a Dra. Ana tem aquela capacidade rara de nos fazer olhar de fora para dentro.

De nos levar a espreitar não um, mas o ponto de vista diferente.

A Dra. Ana levou-me a reforçar energia.

NUNCA me julgou, nunca me iludiu e não….não pintou o quadro só de tons bonitos, mas recordou-me todas as cores, uma e outra vez.

Obrigada!

Jamais existirão palavras para o dia em que superei as 14 semanas.

Para quem teve abortos de repetição…as semanas especiais são diferentes.

Também não encontrei até hoje palavras que descrevam o que senti com o nascimento do meu filho no final de 2014.

A única palavra que encontrei é a nome que lhe demos.

Vicente em latim Vincentius, (…) significa “vencer” e como vencer é um verbo de ação, vincente quer dizer literalmente “o que vence”!

E venceu!

Tenho uma lista pequena de agradecimentos para o meu final feliz.

A Dra. Ana está e estará SEMPRE nessa lista.

Foi a Dra. Ana que me fez descobrir a importância de fazer os meus lutos.

Sabia lá eu que os tinha que fazer, ou ir fazendo…

Foi a Dra. Ana que me fez pensar diferente no “Porquê eu?”

Foi a Dra. Ana que ouviu os impropérios que achamos que só a almofada consegue suportar.

E… Foi com a Dra. Ana perto que também chegou o meu filho Vasco, no inicio de 2018.

Hoje, com quase 45 anos, (permitam-me terminar com duas referências pessoais):

A primeira… que tudo o que fiz valeu a pena, que faria tudo outra vez ou talvez mais, pelo privilegio do colo e do cheiro dos meus dois filhos.

A segunda… quando vos recomendarem conversar com alguém, vão!

Preferencialmente com a Dra. Ana.

Sem o psico, só com o FERTIL!

Muito obrigada Ana!

 

RC


RC

PsicoFértil
5
2020-05-08T14:09:19+00:00

RC

"Na primeira vez, saí daquela sala, que ainda hoje consigo descrever cada pormenor e recanto, com a mesma sensação de quem bebe a primeira coca-cola… Entre o estranho e uma vontade estupida e inexplicável de voltar no dia seguinte. Sai daquela sala várias vezes, durante todo o tempo em que abusei dela, com a serenidade que precisava. Precisava tanto. Sabem, a Dra. Ana tem aquela capacidade rara de nos fazer olhar de fora para dentro. De nos levar a espreitar não um, mas o ponto de vista diferente"