INFERTILIDADE / (IN)SATISFAÇÃO CONJUGAL

 

Alguns estudos sobre satisfação conjugal têm revelado que certos casais consideram que a vivência da infertilidade promove o restabelecimento do vínculo afectivo no casal, originando a proximidade deste perante a comunicação, envolvimento no processo de tratamento, reforçando o apoio emocional, sentimento de compromisso, lealdade e sensibilidade face ao seu parceiro, aumentando consequentemente a confiança, intimidade e empatia promovendo não só a união do casal como a resolução de dificuldades das mulheres, sentindo maior intimidade e satisfação conjugal.

A infertilidade pode aumentar o crescimento pessoal, activando recursos, fortalecendo relações à semelhança daquilo que acontece com outras crises de vida, podendo levar o casal a isolar-se mais, apoiando-se.

Considera-se que a infertilidade envolve reorganização tanto a nível individual como conjugal.

A partilha de experiências neste acontecimento de vida pode aumentar no casal o sentido de coesão na satisfação conjugal.

A satisfação conjugal assume-se como uma construção de conceito, que se encontra dependente tanto de características de personalidade de ambos os elementos do casal como das experiências que cada um traz da sua família de origem, até à forma como constroem o relacionamento a dois.

Ainda que a satisfação conjugal implique uma avaliação pessoal da relação a dois, esta também poderá variar consoante a fase de vida em que o casal se encontre.

Destaca-se assim particular importância para certos factores que possuem uma interferência preponderante no equilíbrio da satisfação conjugal, sendo que os mesmos influenciam directamente a mesma e acabam por ser um espelho do controlo da relação, sendo igualmente responsáveis pela qualidade na e da relação, dando-se particular importância à qualidade da relação conjugal, afectividade, processos cognitivos e perante a forma como o casal opera e organiza toda a informação e contexto vivenciado.

Por outro lado, o que muitas vezes se observa na prática clínica, é que nem sempre assim é, existindo inúmeros casais que relatam um desajustamento sexual que engloba alguma frustração e falta de comunicação, podendo existir algum ressentimento, devido ao menor envolvimento por parte do marido e uma reacção mais agressiva e discordante deste, tanto em relação à reactividade hormonal como à forma como a sua mulher vivência os ciclos de tratamento.

No geral a mulher sente-se mais responsável, pela sua limitação em conceber afectando o equilíbrio da relação conjugal.

Porém ainda que nesta altura o stress esteja associado a todo este acontecimento de vida perturbador, parece que o mesmo possui maior influência na autoeficácia no sentimento acerca da vida, saúde e bem-estar.

Ainda que o stress tenha um menor impacto sobre o casamento, intimidade e vida sexual, parece existir uma diminuição tanto na frequência como na auto-estima sexual, existindo algum desajuste relacional face ao aumento dos conflitos conjugais, afectando a estrutura do casal no que diz respeito ao amor, afecto, avaliação da sua condição de saúde e diligência na tomada de decisão, possuindo um efeito negativo sobre a qualidade de vida das mulheres nas suas relações com o parceiro.

Durante os primeiros 3 anos, os casais encontram-se mais envolvidos no processo de diagnóstico e terapêutico, parecendo existir mais suporte emocional e proximidade, sendo que após este período de insucesso ao nível dos tratamentos, começam a acusar cansaço, transtornos depressivos, sendo que muitas vezes esta situação dá origem a problemas conjugais.

Alguns pontos de vista divergentes, advindos de conflitos conjugais acerca de como a infertilidade influencia os relacionamentos e paralelamente a sua importância na questão de acrescentarem família, podem interferir e dificultar a comunicação positiva.

O apoio emocional, esse, poderá servir para reduzir sentimentos de isolamento que são bastante frequentes e aumentar a satisfação conjugal do casal, uma vez que tanto a infertilidade por si só, como a insatisfação com o relacionamento conjugal, poderão acabar por ser considerados como factores de risco para o desenvolvimento de níveis mais elevados de ansiedade e depressão.

Neste contexto existe um aspecto importante a considerar perante a “crise da infertilidade”, pois a mesma parece nunca ser totalmente resolvida, uma vez que a mesma acaba por ser recorrente e ocorrendo com frequência apelando ao desejo latente da paternidade e maternidade, quando o mesmo parece reacender a cada nova técnica a que estes casais se submetem, sendo sempre promissoras de sucesso no êxito do tratamento.

Geralmente a mulher acusa maior tendência para se sentir mais responsável pela infertilidade e que por sua vez levanta questões quanto à sua satisfação perante o seu casamento e vida sexual, em que verificam um decréscimo na qualidade relacional e vida intima.

Já para os homens não parece existir alterações quanto à estabilidade que estes sentem perante o seu relacionamento, desempenho quanto à vivência da infertilidade.

Torna-se assim essencial promover a satisfação entre a vida e o ajustamento conjugal nos casais que sofrem de infertilidade para que juntos consigam restabelecer a sua comunicação e afectividade que na maioria das vezes encontra-se fragilizado, ajudando-o gradualmente na aceitação do seu problema servindo de protecção para o desenvolvimento de níveis elevados de sintomas de desajuste emocional.