Uma mutação genética é a culpada pela maior parte dos ataques de pânico e outros distúrbios de ansiedade que afectam um elevado número de pessoas em todo o mundo.
A notícia vem publicada na reputada revista científica New Scientist e foi elaborada por uma equipa do Centro de Biologia Médica e Molecular em Barcelona.
Os cientistas estudaram famílias com historial de problemas ansiosos, tais como ataques de pânico, agorafobia e fobia social. Descobriram, então, que 90 por cento dos membros das famílias afectadas transportavam em si uma anormalidade genética, denominada DUP25.A região onde a mutação ocorre contém mais de 60 genes, mas só 23 foram identificados pelos cientistas.
No entanto, a equipa sabe agora que alguns dos genes têm um papel crucial no controlo da comunicação intercelular do sistema nervoso.
A produção de certas proteínas poderá ser a razão pela qual o cérebro se torna extremamente sensível a situações de stress.
Apesar das descobertas, os cientistas avisam que nem todas as pessoas com a mutação genética sofrem de problemas de ansiedade.
Em declarações à New Scientist, Monica Gratacos, investigadora da equipa, explicou a existência de outros factores que concorrem para o stress e ansiedade. “O meio ambiente é muito importante. Nas famílias afectadas, por exemplo, 20% das pessoas com DUP25 não apresentavam quaisquer sinais de doença “.
Esta descoberta poderá levar ao desenvolvimento de medicamentos capazes de ajudar pessoas a combater os seus medos.
A equipa tenta identificar, com precisão, quais dos genes do DUP25 que estejam ligados, de algum modo, aos ataques de ansiedade. Caso consigam chegar à conclusão, dentro dos próximos dez anos serão encontradas novas formas de tratamento capazes de suprimir os genes responsáveis, bem como as proteínas produzidas.
Neste estudo, os cientistas também descobriram que a mutação DUP25 pode mudar de geração para geração e até de indivíduos para indivíduos.
Raymond Crow, psiquiatra da Universidade de Iowa e especialista em distúrbios de pânico, afirmou à New Scientist que esta descoberta é “muito importante”, dado que, “ao que parece, descobriram um novo e completo mecanismo da doença.
Estima-se que cerca de uma em cada 10 pessoas sofra de problemas relacionados com ansiedade.
Fonte: New Scientist: 23 de Agosto de 2001