O Dispositivo Intra-Uterino (DIU), para além de ser considerado um meio contraceptivo pode ser utilizado como tratamento para mulheres que estão nas fases iniciais do cancro do endométrio, refere um estudo publicado na revista “Annals of Oncology”.

Trata-se do primeiro ensaio clínico a testar o DIU como tratamento contra este tipo de cancro, o sexto mais comum entre as mulheres em todo o mundo.

O tratamento mais utilizado é a histerectomia total com a remoção do útero e dos ovários, resultando na perda definitiva da fertilidade. A maioria das mulheres desenvolve cancro do endométrio após os 40 anos de idade, mas cerca de 3 a 5% dos casos ocorrem em mulheres mais jovens.

Neste estudo, investigadores do Instituto Europeu de Oncologia, em Milão, Itália, testaram o tratamento em mulheres com menos de 40 anos, entre 1996 e 2006. Usaram o DIU que liberta a hormona progesterona levonorgestrel, combinado com uma injecção mensal da hormona gonadotropina GnRH durante seis meses. Enquanto o levonorgestrel inibe o crescimento de uma das camadas do útero, a GnRH inibe a produção de estrogénio, uma hormona que promove o crescimento do cancro do endométrio.

Do grupo de pacientes, 20 sofriam de hiperplasia endometrial atípica (um precursor do cancro do endométrio) enquanto 14 das mulheres estavam numa fase inicial do cancro do endométrio, presente apenas na camada interna do útero, o endométrio.

O tratamento foi eficaz e, em alguns casos, fez com que o cancro regredisse completamente. Após um ano de tratamento, 19 das pacientes (95%) com hiperplasia endometrial atípica não mostraram sinais da doença, mas 4 precisaram de ser tratadas novamente. Das 14 mulheres com cancro do endométrio, 8 (57%) apresentaram remissão completa em seis meses, no entanto 4 apresentaram progressão da doença.

As mulheres que responderam bem ao tratamento (ou seja, o cancro não voltou a aparecer, nem cresceu) foram autorizadas a remover o DIU um ano após o tratamento e puderam planear uma gravidez. Das 34 mulheres, 9 conseguiram engravidar, algumas mais que uma vez. Todas as participantes ainda estavam vivas no final do estudo, 10 anos depois.

Os investigadores vão avançar para novos estudos, com o objectivo de saberem por que é que o tratamento funciona melhor para algumas pessoas.

Os cientistas sugerem também que os marcadores genéticos (ao apresentarem uma mutação genética específica do cancro) podem ser capazes de identificar quais os pacientes que responderão bem ao tratamento com o DIU.

Estudo publicado nos “Annals of Oncology”