DIA SAO VALENTIM

HAPPY VALENTINES DAY

 

Porque é que manter relacionamentos se tornou uma tarefa tão difícil de conseguir hoje em dia?

 Porque falham tantas relações, apesar de tanto se tentar, impor empenho e ajustes?

 Será que nos esquecemos de amar? Da importância de um Amor que tenha a força necessária para ultrapassar dificuldades e celebrar vitórias?

 Onde fica o erotismo, a sensualidade, a sedução?

Teremos ficado imunes a este e tantos outros sentimentos que nos enchem o coração e nos fazem seguir com coragem e confiança vida fora?

 

Se por um lado vivemos os nossos dias numa correria, sem tempo para grandes romantismos, por outro, nunca foi tão fácil conhecer pessoas novas, ainda que na maioria através do recurso digital, deixando de lado tempo para saber apreciar e ser-se apreciado.

 

Com a rapidez com que vivemos os nossos dias, imersos em tanta informação que nos invade e que nem temos tempo para triar, se calhar acabamos por achar que não estamos preparados para os sacrifícios, para os compromissos, para o amor incondicional.

 

Não estamos prontos para investir tudo o que é preciso para um relacionamento existir de forma saudável, crescente e numa construção consolidada de autenticidade e desejos satisfeitos.

 

Pelo contrário, existem relações que sobrevivem, não que necessariamente respirem saúde, necessidades individuais ou partilhadas que as façam persistir no tempo.

 

Queremos tudo fácil e ao mesmo tempo ainda que por vezes sejam coisas contraditórias ou que não se ajustem na dicotomia desejo / necessidade entre os casais.

 

Por vezes revelamos até bastante desistência, só sendo preciso um único obstáculo para fazer ruir sonhos, promessas e objectivos a dois, sem darmos espaço para que o amor cresça e se consolide, ao contrário de há alguns anos atrás.

 

Nunca tivemos tanto ao nosso dispor e ao mesmo tempo tão pouco, numa sociedade repleta de canais de comunicação, meios digitais que promovem o acesso a encontros através de um imediatismo sob a forma exclusiva de imagem, texto, voz, onde as relações aprenderam a sobreviver, sem nos questionarmos se de facto isso será o suficiente para satisfazer o nosso desejo, suprimindo a aproximação e o contacto presencial, investindo numa intenção relacional que acaba por ser muito cerebral, ameaçando a excitabilidade e desempenho sexual, levantando a ponta do véu para algumas disfunções sexuais que possam surgir, espelhadas em encontros presenciais.

 

Provavelmente não é amor que estamos procurando,

apenas a excitação e emoção na vida.

 

Invés disso, desejamos antes ter alguém para assistir a filmes ou ir a festas, e não tanto alguém que nos entenda, dê opiniões sobre a nossa vida ou faça algum tipo de sugestão que nos pareça mais intima colocando em causa as nossas decisões perante as nossas escolhas privadas.

 

Queremos companhia, mas não queremos intimidades.

Queremos passar algum tempo com alguém, sem que necessariamente sejam uma equipa.

 

Queremos distracção mas sem muita proximidade, só aquela que conseguimos ir controlando, ao nosso ritmo e medida.

 

Não queremos aquela vida chata e rotineira. Nós não queremos um parceiro para a vida, apenas alguém que possa fazer-nos sentir vivo agora, neste mesmo instante.

 

Quando a emoção se desvanece, descobrimos que não acreditamos na beleza da previsibilidade porque estamos demasiado presos à emoção da aventura.

 

Mergulhamos nos compromissos, responsabilidades profissionais e sociais implicados pela vida da cidade, não deixando espaço para o amor.

 

Não existe quase tempo nenhum para amar,

nem paciência ou dedicação para lidar com relacionamentos.

 

Acabámos por nos tornar pessoas ocupadas perseguindo sonhos materialistas onde dificilmente há espaço para o amor e onde os relacionamentos aparecem por conveniência.

 

Insiste-se na gratificação instantânea em tudo o que fazemos – as coisas que publicar on-line, as carreiras que nós escolhemos, e as pessoas por quem nos devemos apaixonar.

 

E ainda assim queremos que a maturidade de um relacionamento que se desenvolve no decorrer de anos, que esse sentimento de pertença chegue rápido, para que possamos nos sentir gratificados, nem que seja por todos os ajustes que tivemos de fazer para encontrar tempo, encaixando tudo na nossa vida.

 

 

Um fenómeno curioso é o de “acreditarmos em ter opções de escolha, sempre”, somos seres sociais.

Preferimos passar uma hora com uma centena de pessoas do que passar um dia inteiro só com a mesma.

Acreditamos mais em conhecer pessoas do que conhecê-los.

 

Será que nos tornámos assim tão gananciosos, querendo tudo ao mesmo tempo, como se o tempo fugisse e dependesse da quantidade de coisas que achamos querer experimentar, ou que nos incutiram ter de viver?

 

Valerá de facto a pena esperar e saber viver ao nosso ritmo ou preferir viver relações pontuais e espontâneas, colecionando experiências, que nem dão tempo ou espaço para que as pessoas revelem o melhor que têm em si, sem espaço para decepções ou imperfeições?

 

A tecnologia parece ter-se aproximado demasiado, tão perto que é impossível respirar.

 

A nossa presença física foi substituída por textos, mensagens de voz, snapchats e chamadas de vídeo.

Acabámos por suprimir a necessidade de passar tempo juntos, sem que o diálogo e a presença façam realmente a diferença.

 

Presenciamos uma geração que se chama ‘sexualmente liberada “ou descartável sexualmente.

 

Priveligiamos o sexo para além do amor, isto é, colocamos o sexo em primeiro lugar e, em seguida, decidimos se de facto queremos ou estamos disponíveis para amar alguém.

 

Ter sexo é fácil, construir uma relação que implica respeito, valores, entrega e lealdade é mais difícil, até porque dá trabalho.

 

Vivemos numa época em que as relações acabam por se espelhar num cumprimento temporário que precisamos, deixando muito pouca exclusividade para o amor na nossa vida.

 

Parecemos assistir a uma geração em que o medo se apodera e toma conta de tudo, talvez mascarado pela necessidade de controlo sobre as decisões acauteladas da nossa vida.

 

Temos medo de nos apaixonar, cometer erros, de cair, de sermos enganados, de nos magoarmos emocionalmente como se não houve reparação possível.

Enquanto isso num vai-vém de relacionamentos, chega o tal dia, encontramos o nosso amor e fugimos em seguida, por não sabermos lidar com a vulnerabilidade.

 

Deveríamos sim, encontrar maior confiança em nós, apostar nas nossas escolhas, mesmo aquelas que envolvem compromisso com o afecto, tendo maior coragem para dedicar o nosso valioso tempo a quem amamos, trabalhando a nossa enfraquecida resiliência para assim saber lidar com os imprevistos, afectos e dificuldades que possam aparecer só com o propósito de nos amadurecer neste desafio que é saber viver.

Sejam Felizes hoje e todos os dias!