Quando falamos de sexo . . . 

 

Parece existir muitas opiniões que divergem, outras que no fundo levantam a nossa necessidade de sermos amados, tocados, desejados e apreciados.

 

Mesmo que a forma de sentir e pensar em sexo seja diferente entre o homem e a mulher, por outro lado ela converge para uma necessidade que parece ser perentória, preencher o vazio emocional.

 

Se para eles o sexo é visto como uma necessidade física, para elas é mais que isso, é a procura de se sentirem amadas, protegidas e desejadas.

 

Logo aqui este tema parece ser mais complexo, perante aquilo que tanto o homem como a mulher podem ou não estar dispostos a dar ao outro, iniciando-se uma distorção da forma como cada um vivencia e tem a liberdade para ajustar a sua sexualidade.

 

Em Portugal parece não existir nenhum levantamento sobre o número de casais sem atividade sexual ou com incompatibilidades ao nível do desejo num determinado momento da relação.

 

Porém existem alguns relatos de vária situações em que um dos elementos deseja praticar sexo e o parceiro ou parceira pouco ou nada.

Nestes casos as razões poderão ser várias, sendo as mais apontadas:

 

Uma depressão, um trauma, a rotina, o stresse, a falta de tempo para o erotismo ou para namorar, o cansaço, a gravidez, os filhos, a falta de diálogo entre o casal sobre o que excita e desgosta cada um na cama, a gradual perda de atração pelo corpo da pessoa amada ou mesmo o desentusiasmo pelo sexo em si.

 

Também poderá ocorrer situações sem nenhuma razão aparente, física ou psicológica, sendo que  o problema não é um exclusivo dos casais heterossexuais.

 

Infelizmente esta parece ser uma realidade quase sempre vivida em segredo. Podendo ser assim ocultada durante anos entre os melhores amigos (mesmo os que aparentam ser o casal perfeito), com familiares, podendo bater à porta de qualquer um de nós.

Até porque o desejo sexual não é igual nem permanente ao longo da vida de um casal. Sofre sempre alterações ao longo das etapas de relacionamento.

Por exemplo:

Se para eles é tudo muito mais visual e físico, para elas é mais táctil e emocional, apreciando muito mais o erotismo, envolvimento emocional e psicológico, a sedução e os preliminares.

 

Os homens são na maioria das vezes induzidos para o sexo pelo lado visual, sendo que a frequência sexual, mesmo aquela que é conseguida através de uma masturbação solitária, apenas o alivia pontualmente, tendo-se verificado uma maior tendência por aceder cada vez mais ao porno, uma vez que o pico de excitabilidade é potenciada pela produção de dopamina, que tanto quanto mais essa sensação de prazer é experimentada mais vezes é desejada de forma recorrente, tendo implicações futuras não só no contacto presencial com o corpo de uma mulher, como também tem possui implicações de maior na desadequação sexual manifestadas onde existem dificuldades com o desejo, excitação sexual, principalmente em homens mais jovens.

 

As mulheres necessitam de outra dinâmica sexual, na qual o homem saiba percorrer todos os corredores para lhe aumentar o desejo, a fantasia, a libido e a sua excitabilidade.

 

Alguns homens ao saltarem etapas, principalmente em relacionamentos de longa duração, onde já não existe toda aquela excitabilidade do início, para algumas mulheres são como se aquele homem não as consiga satisfazer por completo, já que para as mesmas a qualidade é bastante mais importante do que a quantidade ou o número de vezes em experienciam relações sexuais.

 

A relação sexual, tem de ser gratificante e não mais do mesmo, o prazer tem de ser explorado, e por vezes ou não há tempo, não há o local indicado, ou o homem não percebe, nem se predispõe a ter vontade de dar efectivamente prazer a uma mulher.

 

O sexo é um jogo lúdico, que deve ser vivido e gratificante para ambos.

 

É necessário tempo, mas igualmente importante a entrega, o empenho, o desejo e a exploração na descoberta de prazer, que muitas vezes nem sequer é descoberto pelo parceiro, acabando por ser negligenciado na vida intima do casal, colocando o mesmo na escolha singular do que por vezes é mais fácil, derivando para relações extra-cojugais.

 

Então o que fazer para recuperar o desejo sexual?

 

Na verdade é que se calhar entendemos mal o tema sexo, e existem igualmente temas sobre a sexualidade que nos deixam dúvidas.

 

Nos dias de hoje sabemos que existem muitas mulheres que se sentem insatisfeitas com a sua sexualidade e frustradas com a sua vida sexual.

 

E porque acontece isto?

 

Talvez porque durante muitos anos a sexualidade masculina foi alvo de maior projecção e estudou-se muito mais esta área e muito pouco a sexualidade feminina, que para muitos homens é grande desconhecida.

 

Iniciar uma vida sexual é sempre um momento de grande encantamento, excitação e que se promove na particularidade de ser-se espontâneo.

 

Há medida que o tempo relacional avança, o deslumbre atenua-se, a excitabilidade parece desaparecer e o desejo vai-se suavizando e é precisamente nessa altura que devemos entender o sexo, como uma prática mais calma, segura e que gera acima de tudo prazer e não necessidade ou obrigatoriedade.

 

O sexo é visto e entendido pela maioria das pessoas como um automatismo, mas quando esta dinâmica se rompe é difícil recuperar a sexualidade do casal, que ao longo do tempo é espelhada numa nova dinâmica, num outro contexto, que pode ser igualmente envolvente.

 

Nesta altura, o sexo deve ser encarado como calmo e romântico, sendo que é todo o romantismo que convida ao desejo do erotismo.

 

Quando a mulher se sente motivada, e se deixa estimular e excitar, tem um motivo para o prazer, pois para ela é essencial que se sinta envolvida e que o sexo, por si só não seja uma obrigação, mas sim um prazer.

 

A motivação acaba por ser o grande desbloqueador para recuperar o desejo feminino, na vida íntima do casal.

 

Se ter sexo, for encarado como um prazer, há que construir um motivo para recuperar esse desejo.

 

De facto ao longo de um relacionamento de longo compromisso, perde-se muito o elogio, a sensualidade e a conversação que se vai diluindo na e sobre a intimidade do casal.

 

Quando a mulher se sente desmotivada, acaba por camuflar esse sentimento com algum problema, inicialmente até pode não se notado, por não ser tão explicito que comprometa a actividade sexual com o seu parceiro, mas à medida que o tempo vai passando retira a manifestação dos seus afectos.

 

Para reactivar algo, que sempre funcionou no passado, quando aquele casal estava apaixonado é necessário recuperar a alegria para a motivação do desejo.

 

Numa prática sexual onde o prazer quase se ausenta e a motivação desaparece, faz a mulher sentir-se menos desejada, e nesse sentido a procura a dois pelo romantismo, erotismo e desejo deve ser trabalhada, para que a relação intima e sexual se restaure, numa prática gratificante a dois.